RETRATO DE D. MARIA II, RAINHA DE PORTUGAL

Portrait of D. Maria II, queen of Portugal
Artes visuais
FÉLIX DA COSTA (1845-1922)
- Autor

Descrição:
Retrato de D. Maria II, rainha de Portugal (1819-1853; rainha 1826-1828 e 1834-1853). Óleo s/tela, não assinado e não datado, atribuído ao pintor português António Félix da Costa (1845-1922). Busto, a três quartos, virado para a direita. Traja vestido de gala branco, com amplo decote guarnecido a rendas finas e mangas enfunadas. Usa um diadema em forma de coroa e meio adereço de pérolas, composto por colar de duas voltas com pendente e brincos. Ostenta, ao peito, a placa de grã-cruz das Três Ordens Militares portuguesas, condecoração da qual também traz, à tiracolo, a respetiva banda (nas cores verde, para a Ordem Militar de Avis; vermelha, para a Ordem Militar de Cristo; e violeta, para a Ordem Militar de Sant'Iago da Espada). Moldura retangular larga, em madeira e gesso dourados, decorada com frisos vegetalistas e perlados, encimada pelas armas da Casa Real Portuguesa, que são rodeadas por dois ramos de louro. O chassis da tela apresenta a marca do fabricante francês: Lefranc & Cie. (Paris, 1884-1922).

De nome completo Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança, nasceu a 4 de abril de 1819, no Rio de Janeiro (então capital do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves), era filha primogénita do rei D. Pedro IV de Portugal, e também imperador D. Pedro I do Brasil (1798-1834; imperador do Brasil 1822-1831 e rei de Portugal 1826) e de sua primeira mulher a rainha, e imperatriz, D. Leopoldina (1797-1826; imperatriz do Brasil 1822-1831 e rainha de Portugal 1826), tendo sido o 30.º monarca de Portugal. Sucedeu no trono português em 1826, aos sete anos de idade, quando seu pai – de modo a solucionar o problema de sucessão aberto com a morte do rei D. João VI de Portugal (1767-1826; rei 1816-1826) – abdicou da coroa a seu favor, deixando como regente do reino a irmã, a infanta D. Isabel Maria de Bragança (1801-1876). Em 1828, esta entregou a regência ao infante D. Miguel de Bragança, duque de Beja – também irmão de D. Pedro –, que deveria casar-se com a sobrinha, a jovem rainha Dona Maria II, mas que ao invés disso a destronou e fez-se proclamar rei nas Cortes Gerais do Reino, como D. Miguel I de Portugal (1802-1866; rei 1828-1834). Este acontecimento esteve na origem da guerra civil que devastou Portugal entre 1832 e 1834, opondo os partidos dos dois irmãos, um de fação liberal e outro absolutista, liderando D. Pedro a primeira e D. Miguel a segunda, e que acabou com a reposição da rainha no trono. O arquipélago dos Açores desempenhou um papel relevante nesse período, tendo a ilha Terceira sido o único território português a permanecer sempre fiel à rainha, pelo que em 1837 D. Maria II concedeu, pelos relevantes serviços prestados à causa da liberdade, o título de Heroísmo à cidade de Angra e a condecoração da Torre e Espada à sua Câmara Municipal. O reinado de D. Maria II foi um período conturbado, não só pelas contrariedades acima expostas, mas ainda pela Revolução de Setembro (1836), a Belenzada (1836), a Revolta dos Marechais (1837), a Revolta da Maria da Fonte (1846) e a Patuleia (1846-1847). Casou duas vezes, a primeira, em 1835, com o príncipe D. Augusto de Beauharnais (1810-1835), duque de Leuchtenberg – e irmão da sua madrasta, a imperatriz D. Amélia (1812-1873; imperatriz 1829-1831) –, e, a segunda, em 1836, com príncipe D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota (1816-1885; príncipe consorte 1836-1837 e rei 1837-1853), com quem teve, entre outros, os reis D. Pedro V de Portugal (1837-1861; rei 1855-1861) e D. Luís I de Portugal (1838-1889, rei 1861-1889). A rainha morreu a 15 de novembro de 1853, em Lisboa (Portugal).

Esta pintura integra um conjunto de retratos reais portugueses, da autoria do pintor português António Félix da Costa (1845-1922), em número de oito – de que fazem parte D. Pedro de Bragança, duque de Bragança; D. Maria II e D. Fernando II; D. Luís I e D. Maria Pia; D. Carlos I e D. Amélia; e o infante D. Afonso de Bragança, duque do Porto –, com caraterísticas semelhantes, ao nível do traço, pincelada, cor e composição, estando alguns assinados e datados: "F. da Costa, 1892". Foram adquiridos por Pedro Jácome Correia, 1.º conde de Jácome Correia (1817-1896) – para decoração do Palácio de Sant'Ana, sua residência em Ponta Delgada (Açores, Portugal) –, tendo conjunto sido doado à Região Autónoma dos Açores, em 1981, por sua neta Maria Josefa Gabriela Borges de Sousa Jácome Correia Hintze Ribeiro (1920-1984), no âmbito da venda do palácio para sede da Presidência do Governo dos Açores, constando de um Contrato de Doação, datado de 2 de abril daquele ano, onde pode ler-se na página 2: "[...] - 6 quadros a óleo de Félix da Costa com molduras a ouro, coroas e brasões dos respectivos monarcas: D. Carlos, D. Amélia, D. Luís, D. Maria Pia, D. Fernando e D. Maria II.// - 2 quadros a óleo com moldura a ouro representando: D. Pedro IV e D. Afonso [...]". PEDRO PASCOAL DE MELO (setembro, 2023)

Bibliografia consultada: BONIFÁCIO, Maria de Fátima. D. Maria II. [Lisboa]: Temas e Debates, 2005.

Dimensões:
Tela : A. 73 x L. 60 cm
Nº de Inventário:
PS0361
Data de produção:
circa 1892
Material e técnicas
Óleo s/tela - Pintura
Madeira, gesso, ouro - Ensamblada, entalhada, moldada, dourada

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