Aparador

Mobiliário

Título Alternativo:
Louceiro de bordo
Descrição:
Armário em carvalho, com tampo de mármore, utilizado na sala de jantar do paquete Slavonia, naufragado na ilha das Flores, em 1909, em viagem de Nova Iorque para a Europa.
O posicionamento geoestratégico dos Açores e das Flores em particular é uma constante da história do arquipélago. A navegação transatlântica à vela tinha neste local um ponto importante de apoio às rotas de regresso à Europa. Por isso, muitos foram os navios que se perderam nas costas desta ilha, por cá chegarem em condições precárias de navegabilidade.
Construído nos estaleiros de James Laing, em Sunderland, e batizado Yamuna, foi dado como apto para navegar em 1903, com bandeira inglesa da British Indian Steam Navigation, Ltd., entre o Reino Unido e a Índia, transportando passageiros, carga diversa e correio. A este facto se deve a designação de Royal Mail Ship (R.M.S.), somente atribuída aos navios mais rápidos, que transportavam a mala postal entre as parcelas do império britânico. 
O paquete tinha uma arqueação bruta de 10.606 toneladas, 160 metros de comprimento, duas máquinas a vapor mantidas por seis caldeiras e era movido por duas hélices; atingia uma velocidade de 13 nós e tinha capacidade para transportar mais de 800 pessoas. Por estar sobredimensionado para a rota da Índia, regressou ao estaleiro e foi modificado para operar no Atlântico, transportando emigrantes do sul da Europa, para alimentar a florescente economia norte-americana, que havia sido privada de mão de obra escrava, e, no regresso, trazia passageiros para a Europa. Materializava também a circulação de pessoas e bens entre as duas margens do Atlântico, símbolo do liberalismo económico de pendor capitalista, que então se vivia.
Depois das obras de remodelação, foi adquirido pela Cunard Steamship Company. Zarpou de Nova Iorque a 3 de junho de 1909, com 225 tripulantes e 372 passageiros. O nevoeiro que se abatera nas imediações das Flores, a inexistência de um farol e um erro da bússola criaram as condições para o naufrágio ocorrido na madrugada de 10 de junho de 1909, na Baixa Rasa, junto ao Lajedo. O derradeiro pedido de socorro foi emitido pelo posto de radiotelegrafia cerca das 02:30h e captado pelos navios Princess Irene e Batavia, que seguiram imediatamente para o local. Através de um cabo lançado para a costa e dos escaleres dos transatlânticos foram evacuados todos os passageiros e tripulantes sem nenhuma perda humana.
O facto de o Slavonia ter permanecido à superfície durante todo o período estival, apesar dos esforços das autoridades, permitiu que uma parte importante da população tivesse acesso ao interior do navio malogrado e de lá trouxesse tudo quanto lhe pudesse servir para alguma coisa. Inúmeras casas foram equipadas com portas interiores do paquete, armários, toalhas, lavatórios, banheiras, baixela e lanternas.
No Museu das Flores podem observar-se um louceiro e respetiva baixela, um lavatório, lanternas e um óculo.
O Governo Regional dos Açores, pelo Decreto Regulamentar Regional n.º 17/2015/A, de 29 de setembro, criou o parque arqueológico subaquático do Slavonia, com a intenção de conservar estes bens arqueológicos e naturais e, ao mesmo tempo, regular a sua fruição pública.

Oaken cupboard with marble lid, belonging to the dining room of the Slavonia liner, wrecked by Flores Island while travelling from New York to Europe, in 1909.
The geostrategic position of the Azores and of Flores in particular has been paramount in the history of the archipelago. Here, sailing transatlantic navigation found a relevant supporting point to the routes returning to Europe. For this reason, arriving in precarious navigability conditions, many were the ships lost along the coast of this Island.
Built at James Laing shipyard, in Sunderland, and named Yamuna, it was considered suitable for sailing in 1903. Under the flag of the British Indian Steam Navigation, Ltd., it carried passengers between the United Kingdom and India, varied freight and mail. That’s why it bore the name of Royal Mail Ship (R.M.S.), only given to the fastest ships which transported mail among the parcels of the British Empire.
The liner held 10.606 tons of gross tonnage and measured 160 meters long. It comprised two steam machines supplied by six boilers and was powered by two propellers. It could reach a speed of 13 knots and was able to carry more than 800 people. Being oversized for the India route, it returned to the shipyard and was altered in order to sail in the Atlantic, carrying emigrants from Southern Europe, who provided with labor force the thriving North American economy, deprived from slave labor, and bringing passengers to Europe on the way back. It also embodied the circulation of people and assets between the two margins of the Atlantic, as a symbol of the economic liberalism of capitalist propensity then prevailing.
After the renovation works, it was acquired by Cunard Steamship Company. It left New York on June 3rd 1919 with 225 crew members and 372 passengers. The fog that had fallen on the vicinity of Flores, the lack of a lighthouse and a mistake due to the compass created the conditions for the shipwreck which took place at the dawn of June 10th 1919, at Baixa Rasa, by Lajedo. The last distress call was issued by the radiotelegraphic station at around 2:30 am and received by the ships Princess Irene and Batavia, which immediately sailed there. Using a cable launched to the coast and the transatlantic lifeboats, all passengers and crew were evacuated without any human loss.
Albeit the authorities’ efforts, the fact that Slavonia stood on surface during all summer season allowed a considerable part of the population to have access to the interior of the unfortunate ship and to take from there all that might be useful. Countless homes were equipped with interior doors, cupboards, towels, washbasins, bathtubs, dinner service and lanterns from the liner.
On display at Flores Museum, there are a cupboard and its respective dinner service, a washbasin, lanterns and an eyeglass.
By the Regional Implementation Decree number 17/2015/A, from September 29th, the Regional Government of the Azores has created the Slavonia underwater archaeological park, aiming at the preservation of these archaeological and natural assets, as well as the regulation of their public fruition.

Dimensões:
A. 217 x C. 126 x L. 81,5 cm
Nº de Inventário:
MFD246
Data de produção:
Séc. XX (década de 10) Séc. XX (década de 10)

Material e técnicas
Madeira de carvalho - Corte e entalhe
Mármore, bronze e alpaca -  

Autonomia dos Açores Digital | CollectiveAccess parametrizado e estendido por Estrutura para a Casa da Autonomia

Ao continuar a navegar no CCM - Património Museológico Açores está a aceitar a utilização de cookies para optimizar o funcionamento deste serviço web e para fins estatísticos.

Para mais informações, consulte a nossa Política de Privacidade.

Continuar