Retrato de D. Pedro II. Pintura com moldura.
Retrato de D. Pedro II. Pintura com moldura.
Retrato de D. Pedro II. Pintura com moldura.
Retrato de D. Pedro II. Pintura com moldura.

RETRATO DE D. PEDRO II

Retrato de D. Pedro II [ES]
Portrait of D. Pedro II [EN]
Portrait de D. Pedro II [FR]
Porträt von D. Pedro II [DE]
ドン・ペドロ2世の肖像 [JP]
Artes visuais
Não identificado
- Autor

Portugal
- Produtor

Título Alternativo:
Retrato de D. Pedro II, Rei de Portugal
Descrição:
Representação, a óleo sobre tela, de D. Pedro II, Rei de Portugal. Retrato pictórico. Produção portuguesa, de autor não identificado, datável de cerca de 1777-1788.

Pintura a óleo sobre tela, emoldurada, representando D. Pedro II, Rei de Portugal (1648-1706; rei de 1683 a 1706), obra portuguesa de autor desconhecido, realizada provavelmente entre 1777 e 1788. O monarca surge representado de corpo inteiro, de pé, voltado a três quartos para a esquerda (direita do ponto de vista do observador), com olhar frontal e postura solene, em conformidade com a iconografia áulica da época. Apresenta a cabeça descoberta e uma peruca acastanhada, longa e encaracolada, do tipo dito xumberga, introduzida em Portugal pelo marechal Frederick Herman Schomberg (1615–1690). Enverga um traje cortesão típico do final do século XVII e início do XVIII, composto por casaca (justaucorps), véstia (veste) e calções (culottes), segundo o figurino francês então dominante nas cortes europeias. A casaca, em veludo azul, apresenta botões e bordados dourados, sendo forrada a cetim escarlate. Por baixo, destaca-se uma véstia de seda amarela, ricamente bordada com motivos florais multicolores, cujos punhos rebatidos emergem sobre as mangas do casaco. Os calções, do mesmo tom de azul, são presos abaixo do joelho. Sob o casaco, realça-se uma couraça de aço escuro, ornamentada com enrolamentos vegetalistas dourados, complementada por uma faixa de seda vermelha, disposta em drapeado e cingida à cintura. Ao nível do pescoço, vislumbra-se um lenço (cravatte) de musselina branca e, no canhão das mangas, punhos de renda pertencentes à camisa. O traje completa-se com meias justas de seda azul, sobrepostas aos calções, e sapatos pretos de couro com tacão alto e fivelas de prata. Pendente de uma corrente ao pescoço, ostenta a insígnia esmaltada da Ordem de Cristo, da qual era Grão-Mestre, símbolo do seu elevado estatuto. À anca esquerda, suspende-se uma espada rapier. A mão direita repousa sobre uma almofada colocada sobre um móvel de apoio, enquanto a mão esquerda se apresenta aberta, com a palma voltada para fora. O fundo da composição sugere um espaço interior, onde se destaca um amplo cortinado escarlate, ricamente drapeado, e o referido móvel, que exibe, numa das faces, a legenda: D. PEDRO R.P. 2º – sendo as iniciais a abreviatura de Rex Portugaliae, “Rei de Portugal”. A pintura encontra-se envolta por uma moldura retangular dourada, decorada com perlados. Na parte inferior, uma placa dourada apresenta, em relevo, a inscrição: D. PEDRO II.

D. Pedro II, cognominado "o Pacífico", foi Rei de Portugal e dos Algarves de 1683 até à sua morte, em 1706. Antes de subir ao trono, exerceu a regência em nome do irmão, D. Afonso VI, a partir de 1668. Nasceu em Lisboa a 26 de abril de 1648, sendo o quinto e último filho do rei D. João IV e da rainha D. Luísa de Gusmão. Chegou ao poder após um golpe palaciano, que a 27 de janeiro de 1668 resultou na deposição de D. Afonso VI, declarado incapaz de governar. Pouco depois, o casamento deste com D. Maria Francisca de Saboia foi anulado por bula papal, e D. Pedro casou-se com a cunhada, fortalecendo assim a sua posição política. Nesse mesmo ano, assinou a paz com Espanha, pondo fim à Guerra da Restauração iniciada em 1640 – feito que lhe valeu o cognome. O seu reinado ficou marcado pela estabilidade interna, pelo reforço do poder régio e pela aproximação diplomática à Inglaterra, com quem celebrou o Tratado de Methuen, em 1703. Nos últimos anos do seu governo, Portugal participou na Guerra da Sucessão de Espanha, alinhado com a aliança anti-bourbon. D. Pedro II morreu em Lisboa a 9 de dezembro de 1706, sendo sucedido pelo filho, D. João V.

Este retrato integra uma série de dez efígies áulicas de membros da Casa Real portuguesa da dinastia de Bragança, produzida em contexto de exaltação do poder régio no final do Antigo Regime. O conjunto compreende as representações dos reis D. João IVD. Afonso VID. Pedro IID. João VD. José ID. Maria I e D. Pedro III (em retrato duplo), bem como dos príncipes herdeiros D. Teodósio, 1.º Príncipe do BrasilD. José, 8.º Príncipe do BrasilD. João, 9.º Príncipe do Brasil e futuro D. João VI; e ainda de D. Duarte, Senhor de Vila do Conde e irmão de D. João IV. A série apresenta uma notável coerência formal e estilística, o que permite atribuí-la com segurança a um único autor, cuja identidade permanece, contudo, desconhecida. Com forte carga simbólica e política, estas obras afirmavam a legitimidade e continuidade da autoridade régia, então central na consolidação do Estado absoluto e do domínio imperial português. Os retratos provêm da antiga Junta da Fazenda Pública, criada por carta régia de 1766 e instalada na Alfândega de Angra. Estavam originalmente dispostos numa sala de receção, à qual presidia uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Reino. A sua execução deve situar-se entre 1777, data da ascensão de D. Maria I, e 1788, ano da morte de D. José. O retrato de D. João terá sido pintado já em 1788–1789, após a sua proclamação como herdeiro. O conjunto foi transferido para o Palácio dos Capitães-Generais por volta de 1840, por iniciativa de José Silvestre Ribeiro, então governador civil. Atualmente, encontra-se exposto na Sala de Baile, também conhecida como Sala dos Reis de Bragança.
PEDRO PASCOAL DE MELO (julho, 2025)

Bibliografia consultada:
  • LOURENÇO, Maria Paula Marçal. Pedro II. Lisboa: Círculo de Leitores, 2011.
  • FRANCO, Anísio. “As séries régias do Mosteiro de Santa Maria de Belém e a origem das fontes da iconografia dos reis de Portugal”, in FRANCO, Anísio [coord.], Jerónimos: 4 séculos de pintura [Catálogo de exposição]. Lisboa: Mosteiro dos Jerónimos/IPPAAR, 1993, vol. I, p. 292-337.
  • GONÇALVES, Susana Cavaleiro Ferreira Nobre. A arte do retrato em Portugal no tempo do barroco (1683-1750): Conceitos, tipologias e protagonistas [Tese de Doutoramento]. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2013 (Disponível em:  A arte do retrato em Portugal no tempo do barroco (1683-1750. Consulta em: 29 jan. 2025).
  • KÖHLER, Carl. História do vestuário. São Paulo: Martins Fontes, 2005. 
  • LEITE, José Guilherme Reis [et al.]. Palácio dos Capitães-Generais. Ponta Delgada: Presidência do Governo Regional dos Açores, 2012.
  • MARTINS, Francisco Ernesto de Oliveira. Palácio dos Capitães-Generais: Subsídios para a sua história. Angra do Heroísmo: Secretaria Regional da Administração Interna, 1989.

Dimensões:
Totais [pintura com moldura] : A. 242 L. 119,5 cm
Nº de Inventário:
PGRA-PCG0979
Data de produção:
circa 1777 - 1788
Material e técnicas
[Pintura] Óleo s/tela - Pintura
[Moldura] Madeira e ouro - Ensamblada e dourada
Incorporação:
Esta peça integra um conjunto de bens que, na sequência da criação da Região Autónoma dos Açores em 1976, foram incorporados no património regional, provenientes dos extintos Governos Civis e Juntas Gerais dos Distritos Autónomos de Angra do Heroísmo, Horta e Ponta Delgada. Desde então, pertence às coleções da Presidência do Governo Regional dos Açores, encontrando-se atualmente em exibição no Palácio dos Capitães-Generais, em Angra do Heroísmo.

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