RETRATO DE D. AFONSO VI
RETRATO DE D. AFONSO VI
RETRATO DE D. AFONSO VI
RETRATO DE D. AFONSO VI

RETRATO DE D. AFONSO VI

Retrato de D. Afonso VI [ES]
Portrait of D. Afonso VI [EN]
Portrait de D. Afonso VI [FR]
Porträt von D. Afonso VI [DE]
アフォンソ6世の肖像 [JP]
Artes visuais
Não identificado
- Autor

Portugal
- Produtor

Título Alternativo:
Retrato de D. Afonso VI, Rei de Portugal
Descrição:
Representação, a óleo sobre tela, de D. Afonso VI, Rei de Portugal. Retrato pictórico. Produção portuguesa, de autor não identificado, datável de cerca de 1777-1788.

Pintura a óleo sobre tela, emoldurada, representando D. Afonso VI, Rei de Portugal (1643-1683; rei de 1656 a 1683), obra portuguesa de autor desconhecido, realizada provavelmente entre 1777 e 1788, O monarca surge representado de corpo inteiro, de pé, voltado a três quartos para a esquerda (direita do ponto de vista do observador), com o olhar frontal e numa postura solene, típica da iconografia áulica do século XVIII. Apresenta-se jovem e imberbe, com a cabeça descoberta e o cabelo ruivo natural, longo e encaracolado, sobre os ombros. Veste armadura cerimonial de meio corpo, ricamente decorada a ouro, complementada por uma gola branca assente sobre os ombros e fechada à frente. Sob a armadura, parece usar um justaucorps – casaco longo franzido na cintura – e calções até ao joelho. Completa o traje com meias de seda e sapatos pretos, de tacão e com fivela. A generalidade da indumentária é sombria, em consonância com a moda da época. A tiracolo, sobre o ombro esquerdo, ostenta uma faixa vermelha, rematada a ouro, apanhada com laço na cintura. Ao pescoço, pendente de uma fita, exibe a insígnia da Ordem de Cristo – ordem militar da qual o rei era Grão-Mestre. Do lado esquerdo, presa à anca, pende uma espada do tipo rapieira. A mão direita apoia-se numa bengala, enquanto a esquerda repousa sobre a coroa real – em ouro e pérolas – assente numa almofada de veludo escarlate, com borlas franjadas. Por trás da coroa, surge um elmo emplumado. Todos estes elementos estão pousados sobre um plinto com a inscrição D. AFONSO.6º.R.P. – sendo as iniciais a abreviatura de Rex Portugaliae, isto é, “Rei de Portugal”. A colocação da coroa ao lado do soberano segue a tradição portuguesa instituída após a consagração da monarquia a Nossa Senhora da Conceição. A pintura é envolta por moldura retangular em madeira dourada, decorada com perlados. Na parte inferior, uma placa dourada exibe, em relevo, a inscrição: D. AFONSO VI.

D. Afonso VI, apelidado de "o Vitorioso", foi o Rei de Portugal e Algarves entre 1656 e 1683. Nasceu em Lisboa a 21 de agosto de 1643, filho segundo de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão. Não era destinado ao trono, já que o herdeiro era o seu irmão mais velho, o príncipe D. Teodósio de Bragança, falecido prematuramente em 1653, com apenas 19 anos. Nesse mesmo ano, D. Afonso foi jurado príncipe herdeiro, sendo aclamado rei a 15 de novembro de 1656, com apenas 13 anos. A regência ficou a cargo da rainha D. Luísa até 1662. Durante a infância, sofrera de uma doença grave que lhe deixou sequelas físicas e mentais, condicionando a sua educação e governação. O seu reinado ficou marcado pela instabilidade e pela influência de figuras controversas, como António Conti, expulso do reino em 1661. Seguiu-se o conde de Castelo Melhor, que assumiu grande protagonismo político e conduziu o país a importantes vitórias na Guerra da Restauração. Esta culminou na assinatura da paz com Espanha, em 1668, assegurando a independência de Portugal. Em 1666, D. Afonso casou com D. Maria Francisca Isabel de Sabóia, mas o casamento foi anulado dois anos depois, não tendo sido consumado. Pouco depois, a antiga rainha casou com o infante D. Pedro, irmão do rei, que assumiu a regência em 1668 e mais tarde viria a ser aclamado monarca com o nome de D. Pedro II. Afastado do poder, D. Afonso VI foi desterrado para Angra do Heroísmo, nos Açores, e mais tarde transferido para o Palácio de Sintra, onde permaneceu até à sua morte, a 12 de agosto de 1683.

Este retrato integra uma série de efígies áulicas de membros da Casa Real portuguesa da dinastia de Bragança, produzida em contexto de exaltação do poder régio no final do Antigo Regime. O conjunto compreende as representações dos reis D. João IVD. Afonso VID. Pedro IID. João VD. José ID. Maria I e D. Pedro III (em retrato duplo), bem como dos príncipes herdeiros D. Teodósio, 1.º Príncipe do BrasilD. José, 8.º Príncipe do BrasilD. João, 9.º Príncipe do Brasil e futuro D. João VI; e ainda de D. Duarte, Senhor de Vila do Conde e irmão de D. João IV. Com forte carga simbólica e política, estas obras afirmavam a legitimidade e continuidade da autoridade régia, então central na consolidação do Estado absoluto e do domínio imperial português. Os retratos provêm da antiga Junta da Fazenda Pública, criada por carta régia de 1766 e instalada na Alfândega de Angra. Estavam originalmente dispostos numa sala de receção, à qual presidia uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Reino. A sua execução deve situar-se entre 1777, data da ascensão de D. Maria I, e 1788, ano da morte de D. José. O retrato de D. João terá sido pintado já em 1788–1789, após a sua proclamação como herdeiro. O conjunto foi transferido para o Palácio dos Capitães-Generais por volta de 1840, por iniciativa de José Silvestre Ribeiro, então governador civil. Atualmente, encontra-se exposto na Sala de Baile, também conhecida como Sala dos Reis de Bragança.
PEDRO PASCOAL DE MELO (julho, 2025)

Bibliografia consultada:
  • XAVIER, Ângela Barreto. D. Afonso VI. Lisboa: Círculo de Leitores, 2006.
  • FRANCO, Anísio. “As séries régias do Mosteiro de Santa Maria de Belém e a origem das fontes da iconografia dos reis de Portugal”, in FRANCO, Anísio [coord.], Jerónimos: 4 séculos de pintura [Catálogo de exposição]. Lisboa: Mosteiro dos Jerónimos/IPPAAR, 1993, vol. I, p. 292-337.
  • GONÇALVES, Susana Cavaleiro Ferreira Nobre. A arte do retrato em Portugal no tempo do barroco (1683-1750): Conceitos, tipologias e protagonistas [Tese de Doutoramento]. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2013 (Disponível em:  A arte do retrato em Portugal no tempo do barroco (1683-1750. Consulta em: 29 jan. 2025).
  • KÖHLER, Carl. História do vestuário. São Paulo: Martins Fontes, 2005. 
  • LEITE, José Guilherme Reis [et al.]. Palácio dos Capitães-Generais. Ponta Delgada: Presidência do Governo Regional dos Açores, 2012.
  • MALDONADO, Manuel Luís; MENDES, Armando (ed.). O Reinado de D. Afonso VI na Ilha Terceira (1669-1674). Angra do Heroísmo: Instituto Histórico da Ilha Terceira, 2019.
  • MARTINS, Francisco Ernesto de Oliveira. Palácio dos Capitães-Generais: Subsídios para a sua história. Angra do Heroísmo: Secretaria Regional da Administração Interna, 1989.

Dimensões:
Totais [pintura com moldura] : A. 242 L. 119,5 cm
Nº de Inventário:
PGRA-PCG0978
Data de produção:
circa 1777 - 1788
Material e técnicas
[Pintura] Óleo s/tela - Pintura
[Moldura] Madeira e ouro - Ensamblada e dourada
Incorporação:
Esta peça integra um conjunto de bens que, na sequência da criação da Região Autónoma dos Açores em 1976, foram incorporados no património regional, provenientes dos extintos Governos Civis e Juntas Gerais dos Distritos Autónomos de Angra do Heroísmo, Horta e Ponta Delgada. Desde então, pertence às coleções da Presidência do Governo Regional dos Açores, encontrando-se atualmente em exibição no Palácio dos Capitães-Generais, em Angra do Heroísmo.

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