RETRATO DO PRÍNCIPE D. TEODÓSIO, FILHO DE D. JOÃO IV
RETRATO DO PRÍNCIPE D. TEODÓSIO, FILHO DE D. JOÃO IV
RETRATO DO PRÍNCIPE D. TEODÓSIO, FILHO DE D. JOÃO IV
RETRATO DO PRÍNCIPE D. TEODÓSIO, FILHO DE D. JOÃO IV

RETRATO DO PRÍNCIPE D. TEODÓSIO, FILHO DE D. JOÃO IV

Retrato del Príncipe D. Teodósio, hijo de D. João IV [ES]
Portrait of Prince D. Teodósio, son of D. João IV [EN]
Portrait du prince D. Teodósio, fils de D. João IV [FR]
Porträt des Prinzen D. Teodósio, Sohn von D. João IV [DE]
ドン・テオドジオ王子、ドン・ジョアン4世の息子の肖像 [JP]
Artes visuais
Não identificado
- Autor

Portugal
- Produtor

Título Alternativo:
Retrato de D. Teodósio de Bragança, 1.º Príncipe de Brasil
Descrição:
Representação, a óleo sobre tela, de D. Teodósio de Bragança, 1.º Príncipe do Brasil. Retrato pictórico. Produção portuguesa, de autor não identificado, datável de cerca de 1777-1788.

Pintura a óleo sobre tela, emoldurada, representando D. Teodósio de Bragança, 1.º Príncipe do Brasil (1634-1653), obra portuguesa de autor desconhecido, realizada provavelmente entre 1777 e 1788. O retratado surge representado de corpo inteiro, de pé, posicionado diretamente para o observador, com o olhar frontal e numa postura solene, típica da iconografia áulica do século XVIII. Apresenta-se jovem e imberbe, com a cabeça descoberta e o cabelo solto sobre a nuca. Veste armadura cerimonial de meio corpo, ricamente decorada a ouro, complementada por gola de renda branca, pousada sobre os ombros e fechada à frente, e punhos do mesmo material. Usa calções verdes, ornamentados com aplicações douradas, meias rendadas brancas e sapatos castanhos de tacão. Da anca pende, do lado esquerdo, uma espada do tipo rapieira. O braço direito apoia-se numa mesa coberta por pano vermelho, preso nos cantos por alamares dourados, sobre a qual repousa um elmo emplumado. O braço esquerdo assenta na empunhadura da espada. O fundo da composição sugere um interior, com cortinados vermelhos drapeados. Num dos lados da mesa, inscreve-se a legenda O.P.D.THEODOSIO, a abreviatura de “O Príncipe Dom Teodósio”. A pintura é envolta por moldura retangular em madeira dourada, decorada com perlados. Na parte inferior, uma placa dourada exibe, em relevo, a inscrição: PRÍNCIPE D. TEODÓSIO, FILHO DE D. JOÃO IV.

D. Teodósio de Bragança foi o filho primogénito do rei D. João IV de Portugal, fundador da dinastia de Bragança, e da rainha D. Luísa de Gusmão. Nasceu a 8 de fevereiro de 1634, em Vila Viçosa, no Paço Ducal. Após a Restauração de 1640, foi reconhecido como herdeiro da Coroa, recebendo o título de 9.º Duque de Bragança (D. Teodósio III) e tornando-se o primeiro a ostentar o título de Príncipe do Brasil, criado em sua honra por carta régia de 27 de outubro de 1645. Recebeu uma sólida formação literária, científica e militar, apoiada por mestres altamente qualificados. Estudioso e versátil, dominava várias línguas e interessava-se por filosofia, teologia, medicina, astronomia e astrologia. Como era habitual, foi cuidadosamente preparado para o exercício da governação. D. João IV associou-o precocemente aos assuntos do reino, nomeadamente como membro do Conselho de Estado e governador-geral das Armas do Reino. Para reforçar o reconhecimento internacional da dinastia restaurada, D. João IV tentou estabelecer uma aliança matrimonial com a monarquia francesa, propondo o casamento de Teodósio com Ana Maria Luísa de Orleães, neta de Henrique IV de França, embora essa união nunca se tenha concretizado. De saúde frágil, padecia de tuberculose pulmonar desde a juventude, doença que causou a sua morte prematura, em Lisboa, a 15 de maio de 1653, com apenas 19 anos. A sua morte inviabilizou a sucessão direta ao trono, levando à aclamação do seu irmão mais novo, o futuro D. Afonso VI.

Este retrato integra uma série de efígies áulicas de membros da Casa Real portuguesa da dinastia de Bragança, produzida em contexto de exaltação do poder régio no final do Antigo Regime. O conjunto compreende as representações dos reis D. João IVD. Afonso VID. Pedro IID. João VD. José ID. Maria I e D. Pedro III (em retrato duplo), bem como dos príncipes herdeiros D. Teodósio, 1.º Príncipe do BrasilD. José, 8.º Príncipe do BrasilD. João, 9.º Príncipe do Brasil e futuro D. João VI; e ainda de D. Duarte, Senhor de Vila do Conde e irmão de D. João IV. Com forte carga simbólica e política, estas obras afirmavam a legitimidade e continuidade da autoridade régia, então central na consolidação do Estado absoluto e do domínio imperial português. Os retratos provêm da antiga Junta da Fazenda Pública, criada por carta régia de 1766 e instalada na Alfândega de Angra. Estavam originalmente dispostos numa sala de receção, à qual presidia uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Reino. A sua execução deve situar-se entre 1777, data da ascensão de D. Maria I, e 1788, ano da morte de D. José. O retrato de D. João terá sido pintado já em 1788–1789, após a sua proclamação como herdeiro. O conjunto foi transferido para o Palácio dos Capitães-Generais por volta de 1840, por iniciativa de José Silvestre Ribeiro, então governador civil. Atualmente, encontra-se exposto no Sala de Baile, também conhecido como Sala dos Reis de Bragança.
PEDRO PASCOAL DE MELO (julho, 2025)

Bibliografia consultada:
  • FRANCO, Anísio. “As séries régias do Mosteiro de Santa Maria de Belém e a origem das fontes da iconografia dos reis de Portugal”, in FRANCO, Anísio [coord.], Jerónimos: 4 séculos de pintura [Catálogo de exposição]. Lisboa: Mosteiro dos Jerónimos/IPPAAR, 1993, vol. I, p. 292-337.
  • GONÇALVES, Susana Cavaleiro Ferreira Nobre. A arte do retrato em Portugal no tempo do barroco (1683-1750): Conceitos, tipologias e protagonistas [Tese de Doutoramento]. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2013 (Disponível em:  A arte do retrato em Portugal no tempo do barroco (1683-1750. Consulta em: 29 jan. 2025).
  • KÖHLER, Carl. História do vestuário. São Paulo: Martins Fontes, 2005. 
  • LEITE, José Guilherme Reis [et al.]. Palácio dos Capitães-Generais. Ponta Delgada: Presidência do Governo Regional dos Açores, 2012.
  • MARTINS, Francisco Ernesto de Oliveira. Palácio dos Capitães-Generais: Subsídios para a sua história. Angra do Heroísmo: Secretaria Regional da Administração Interna, 1989.
  • PEGACHA PARDAL, Francisco José. “Na morte de sábios Príncipes não perdem pouco os Reinos: a parenética fúnebre por ocasião da morte de D. Teodósio (1634-1653), Príncipe do Brasil", in Erasmo: Revista de Historia Bajomedieval y Moderna. N.º 9 (2022), pp. 93-122 [Disponível em:“Na morte de sábios Príncipes não perdem pouco os Reinos”: a parenética fúnebre por ocasião da morte de D. Teodósio (1634-1653), Príncipe do Brasil. Consulta em: 08 jul. 2025].

Dimensões:
Totais [pintura com moldura] : A. 241,5 L. 118,5 cm
Nº de Inventário:
PGRA-PCG0977
Data de produção:
circa 1777 - 1788
Material e técnicas
[Pintura] Óleo s/tela - Pintura
[Moldura] Madeira e ouro - Ensamblada e dourada
Incorporação:
Esta peça integra um conjunto de bens que, na sequência da criação da Região Autónoma dos Açores em 1976, foram incorporados no património regional, provenientes dos extintos Governos Civis e Juntas Gerais dos Distritos Autónomos de Angra do Heroísmo, Horta e Ponta Delgada. Desde então, pertence às coleções da Presidência do Governo Regional dos Açores, encontrando-se atualmente em exibição no Palácio dos Capitães-Generais, em Angra do Heroísmo.

Autonomia dos Açores Digital | CollectiveAccess parametrizado e estendido por Estrutura para a Casa da Autonomia

Ao continuar a navegar no CCM - Património Museológico Açores está a aceitar a utilização de cookies para optimizar o funcionamento deste serviço web e para fins estatísticos.

Para mais informações, consulte a nossa Política de Privacidade.

Continuar